Para que conste, aqui fica a minha homenagem a este Portugal de um tempo que nem sempre sabemos honrar...
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Pequim, 06 Nov (Lusa) - Os missionários europeus que iam outrora para a China aprendiam português antes de partirem, realçou hoje à Lusa uma investigadora francesa.
Nos séculos XVII e XVIII, “o caminho para a China passava por Portugal”, disse Catherine Jami, do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), de Paris.
“O transporte, o dinheiro (…), tudo isso era assegurado pela Coroa portuguesa”, acrescentou
Catherine Jami falava â Lusa a propósito do colóquio internacional sobre o intercâmbio cultural entre a China e a Europa nos séculos XVII e XVIII, que reúne desde hoje em Pequim especialistas de dez países.
É o quarto colóquio de uma série iniciada em 1995 com o objectivo de estudar um capítulo pouco conhecido da história da matemática: o papel de Portugal nas relações científicas entre a Europa e a China.
Quatro comunicações serão dedicadas ao jesuíta português Tomás Pereira, um dos missionários europeus que esteve mais próximo do lendário imperador chinês Kangxi, e que morreu em Pequim há três séculos.
Mesmo em Portugal, a primeira referência académica a Tomás Pereira só apareceu em 1911, salientou Luis Manuel Saraiva, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos principais animadores desta série de colóquios.
Tomas Pereira, que viveu os últimos 35 anos da sua vida na China, era músico, mas a música, na altura, fazia parte do ensino da matemática, juntamente com a geometria, a aritmética e a astronomia.
“Na Europa como na China, não havia a separação que há hoje entre ciência e arte”, afirma Catherine Jami.
Na abertura do colóquio, o embaixador de Portugal na China, Rui Quartin Santos, também evocou Tomas Pereira, qualificando-o como uma fonte inspiradora da actual parceria estratégica China-União Europeia.
Um investigador chinês, Zhang Baichun, elogiou igualmente “o importante papel desempenhado pelos jesuítas portugueses” no intercâmbio científico entre a Europa e a China.
O colóquio, de três dias, foi organizado pelo Instituto chinês para a Historia das Ciências Naturais, o Centro Cientifico e Cultural de Macau, o Centro de Matemáticas e Aplicações Fundamentais da Universidade de Lisboa, e o Centro China-Portugal para a História das Ciências.
Os anteriores colóquios decorreram em Portugal, Macau e Japão.
Portugal foi o primeiro Estado europeu a enviar uma embaixada à China, no início do século XVI, e até Dezembro de 1999 administrou uma parcela do território chinês.
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