23 maio 2011

Campanhas das Feiras


Novo périplo dominical pela feira do relógio, desta vez com companhia inesperada. A meio da travessia, logo a seguir ao pregão “tudo a 5 éros, é prá geração à rasca”, eis que surge uma comitiva do PS em campanha. A liderar Jorge Lacão, em mangas de camisas e sorriso bem treinado, ladeado pelos inevitáveis jovens com ar descontraído mas deslocado. Acompanho-os à distância, curioso pela reacção da populaça, dos vendedores, talvez mais interessado até em perceber o à vontade das altas personalidades e dos jotinhas. Jorge Lacão e outras individualidades de peso não falam alto, não dão abraços, sorriem muito como se em presença de algum fenómeno estranho, de pessoas com quem apenas são “obrigados” a conviver de 4 em 4 anos. Os jotinhas procuram, disfarçadamente, evitar o contacto físico enquanto tentam passar panfletos e mini-programas embelezados pelo retrato do grande líder, certamente receosos do cheiro a suor ou até de algum vírus que se afigure contagioso.

Vou ouvindo as reacções de vendedores (ciganos, sobretudo ciganos) e compradores (povo, povo genuíno e que vota genuinamente) e as frases não variam muito. Expressões elogiosas, louvores ao grande líder que se habituaram a ver na TV nos últimos anos, bem apessoado e vestido como aquele actor americano que vende as cápsulas dos cafés, críticas e vociferares contra o Portas e o Passos que “nos querem tirar o subsídio de desemprego e de inserção”. Isto dito por quem vende e quem compra sem facturas, sem um tostão para os impostos. Os senhores comentadores dos jornais e das televisões, os senhores blogueiros amadores (onde me incluo) que acusam o PS de gritar de modo demagógico e mentiroso contra o papão de direita que vai acabar com o estado social, deviam vir a esta e a todas as feiras. O povo ouve os gritos e os urros, não espera pela análise e pelos desmentidos. Quem não percebe isto não percebe nada da política à portuguesa. Depois não se queixem...

[copiado daqui]

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