Num tempo onde a regra é prestar vassalagem ao poder, é sempre salutar encontrar vozes que dizem o que pensam e assinam as críticas que fazem...
Fogo de artifício
Mário Lino, o bem disposto ministro das Obras Públicas
que um dia disse que “jamais” haveria um
aeroporto em Alcochete e engoliu o sapo a sorrir,
está muito entusiasmado com o ano eleitoral.
Esta semana, fi cou-se a saber que Lino enviou uma
circular a todas as empresas privadas cotadas em
Bolsa para que o informassem de todas as inaugurações
ou anúncios que têm previstos para este ano. A
ideia, explicou o ministro aos jornalistas, é ajudá-lo
a organizar e a preencher a sua agenda ministerial.
Com muitas inaugurações e anúncios, de preferência.
Mesmo que sejam à custa dos privados.
A candura com que Mário Lino explicou o assunto
é tocante. O Governo já nem tenta disfarçar que a
festa da propaganda vai ser grande em 2009.
Percebe-se que o Governo tenha que ir por aí. Com
o desemprego a galope e a economia de rastos, José
Sócrates tende a desculpar-se com a crise internacional
mas nem tudo lhe corre bem. Esta semana,
o relatório da Standard & Poor’s – uma prestigiada
agência internacional de análise financeira – veio
trazer más notícias: apertamos o cinto, mas a nossa
situação orçamental continua frágil e lançaram-se
reformas, mas os males da nossa economia não foram
corrigidos. Quanto ao nosso défice externo, é
de bradar aos céus – superior a 10% do PIB. “Mais
tarde ou mais cedo terá que ser corrigido”, avisa
a agência.
O Governo socialista prefere que seja mais tarde.
2009, já suspeitávamos e o ministro das Obras Públicas
fez o favor de o confirmar, está reservado
para o fogo de artifício.
Ângela Silva
Subscrevo integralmente tudo isto!
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