31 março 2006

É um mundo...

um excerto de uma entrevista de António Lobo Antunes à revista Visão:

às tantas, evoca-se a guerra do Ultramar, em Angola.

«[...]Visão: Ainda sonha com a guerra?
Lobo Antunes: (...) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.

V: Parava a guerra?
L.A.: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós.
O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra.
E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos.
Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?

V: Não vou pôr isso na entrevista.
LA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?»

Para reflectir...
...e sentir um imenso orgulho!

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