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Fábula da corrupção
O nosso talento para cozinhar estes ‘caldinhos’ faz com que a realidade exceda a imaginação.Num País muito distante em que a Justiça não funcionava, quis-se construir uma estação para o metropolitano. Por razões que a razão desconhece, o lugar previsto é um estádio de futebol – talvez por o presidente da entidade responsável se ter destacado como dirigente ‘futeboleiro’, não sei. Também não parecia relevante já que a estação seria subterrânea. E o valor do terreno não seria exagerado já que não detinha aptidão construtiva. Mas não, subitamente a coisa implica a compra do terreno todo como se a superfície também fosse imprescindível. E eis que da penumbra dos serviços camarários desponta uma informação dizendo que, afinal, o terreno possui dois mil metros quadrados para construção.
A informação é inexacta e seria sempre não vinculativa. Não importa: a compra faz-se com o valor calculado em função de uns fantásticos 3700 metros quadrados de construção, quase duplicando o informe (que já era falso), por infusão divina, certamente. Em suma: um terreno escusado e que valeria uns quatro milhões de euros foi comprado por mais de nove milhões. Curiosamente, pouco depois o clube que vendeu o estádio faliu sem conseguir pagar aos credores.
Claro que isto só pode ter sucedido muito longe daqui – entre nós, como sabemos, predomina a ética republicana na gestão dos dinheiros públicos. Se não, a mão pesada da Justiça far-se-ia sentir, não é verdade? Por outro lado, o nosso talento para cozinhar estes ‘caldinhos’ faz com que a realidade exceda a imaginação.
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